domingo, 21 de agosto de 2011

Nós



Vou esculpindo o desejo numa pedra
Eu moldo, eu toco, eu sinto...
Escapa-me apenas a distância.
Vou dissecando os teus traços.
Eu sonho, eu lembro, eu beijo...
Soa diferente, sabe a pouco.
Sabe a nada, sabe a falta.
Preciso desse amargo vazio
Pra saber como devo preencher.
Encho-me de ti, anseio-te perfeição!

O proclamado destino não existe!
É fruto da inocente utopia.
Mas buscamos felicidade...
Preserverança que invade.
Eu faço, eu erro, eu refaço...
A arte de falhar é perfeita!
Doce competência do erro
Que não cura, apenas enfeita.
Nosso amor vence, a nada deve.
Seremos o que quisermos escrever.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A vida de um tolo






De volta à música, de volta ao meu ponto de fuga habitual...a guitarra, foi assim que criei este poema que mais tarde puxou canção.
Hoje comecei pelo meu final...
Nunca tentaram inverter os referênciais?
Nunca sentiram um desnorte? Nunca sentiram aquele sentimento da sua irresponsabilidade?
Não ter pontos definidos, não ter um caminho...
Possuir espaço aberto onde quem nos guia são os sentidos e onde nos agarramos às boas sensações!
Sentir o nosso coração como um tambor, fazer parte da orquestra de vivências, juntar e fazer parte da melodia que é a nossa vida...a vida em cada sopro!
Fluir como um rio que corre.
Um murro na mesa à rotina...precisamos de dias assim!
Dias de vento...livres e no fundo, vivendo...como um tolo.



Sou aquilo que quiserem
Sou aquilo que escrevi,
Sou um pássaro ou uma fera,
Sou mais do que eu perdi.

Essa loucura dá-me esquiva
Vou dançando sempre assim.
Quero cheirar um pouco d'hoje,
Porque amanhã já me perdi.

É esta a vida de um tolo.
Trago-te perdida em cada sopro.
Junta-te a mim, bebe mais um pouco!
Não aguento mais, não tenho estofo...

Sempre soube o que me espera,
Sempre caí onde não te vi.
Sempre fui um esboço, uma merda.
Sempre fiz por me sentir assim.

Mas, nunca vou saber.
Então, pra que complicar?
Faz o que tens a fazer!
Alguém se vai orgulhar...

Alguém se vai orgulhar!
Quem se irá orgulhar?
Da vida de um tolo
De mim.

 Musica (download)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Movo-me a sorrisos...



A contingência das vicissitudes da vida leva-nos a sobrevalorizar cada vez mais os pequenos gestos, os pequenos contributos que cada ser humano fornece à sociedade, esta muda e nós, como camaleões empíricos, mudamos com ela.
Somos monómeros sociais trabalhando para formar um polímero globalizante.
Vivemos o quotidiano muito pressionados com os problemas pessoais, sócio-económicos e culturais.
No meu prisma sempre preferi os valores sobre os ideiais, o factor humano sobre o materialismo e por vezes os outros sobre nós próprios.
Faz-me sentir humano e isso deixa-me realizado.
Uma das moedas de troca que sempre aceito na minha taxa de cambio emocional é o sorriso, é impagável, intransferível e inigualável.
Prefiro sorrir e ver sorrisos do que ser o único sorriso.
O sorriso desbloqueia e salta enclaves emocionais.
Uma arma capaz de mudar o mundo.
Os sorrisos de quem me quer bem mudam o meu mundo, preenchem-me os sonhos e elevam a alma.

A todos eles um muito obrigado.


O passado foge-me do rosto,
Como a noite que se apressa em chegar.
Aquele terno vento de Agosto,
Aproxima, prende e faz-me ficar.

Há alguns laços que pecam por tardios,
Outros, chegam sempre cedo demais.
Nostalgia "obriga-me" ao teu doce frio.
O que me arrepia a alma e faz querer mais.

A cada passo, a cada pegada.
Em tons de sombra ou mesmo iluminada.
A ambos nada devo...a nada me falta.
Corro à minha volta sempre sem me encontrar.

Vagueio...perco-me dentro de mim
Neste caminho em que já não me sou.
Regressas-me...
Envolves-me na perfeição do conforto.
Abraço o suave consolo do teu sorriso.

Mostra-te assim, não deixes de sorrir!
Bebo um pouco do seu melhor trago.
Sou o seu amante inconstante, guardo-te.
Como é saudável o seu aconchego.
Quero-te bem...mas sinto-me egoísta.
Movo-me a sorrisos.
Movo-me do teu.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Levem-nos os sentidos!






Qual afinal a probabilidade do acaso?

Qual então a probabilidade de uma coincidência?

O acaso é um acontecimento possível estatisticamente mas muito pouco provável, realisticamente falando já que será dotado de um efeito demasiado aleatório.

Uma coincidência poderá advir de 3 considerações, 2 das quais plausíveis.

Primeiro, uma concretização de um acontecimento de probabilidade reduzida.
Segundo, uma conjugação de acontecimentos pouco previsíveis ou dois acasos.
Terceiro e último, um fenómeno metafísico que será o caminho fácil, a resposta vã e com um enorme carga subjectiva.

Todo o campo das probabilidades necessita de uma amostra e a nossa cognição assume a nossa "realidade" como tal.
É aí precisamente que erramos.
O que nos leva a pensar que conseguimos contemplar toda a nossa realidade formulando uma amostra com 100% de casos possíveis.
Somos realmente humildes...
Hipócritas e possessivos ao ponto de assumir uma realidade como nossa.
A realidade que supostamente conhecemos tem uma tamanha quantidade de erros empíricos que seria de uma transcendência surreal sequer pensar que conseguimos calcular as probabilidades associadas a acontecimentos.
As ciências nem sempre conseguem ser exactas e nem sempre o que acontece poderá ser científico.
A falha peca na análise porque não conseguimos incluir a sua dimensão.
O acaso será então um acontecimento inesperado, no fundo todos os fenómenos são frutos do acasos nesta vida...aos que damos valor, porque cruzam com os nossos interesses, chamamos-lhe coincidência porque é facilmente contemplada na nossa base de dados e na amostra de prioridades emocionais.
Coincidência será um acaso com alma!

O que nos surpreende afinal?
Nada nem ninguém...no fim de contas não passamos de egocêntricos passivos que não sabemos analisar variáveis.
Apenas sabemos viver.

O que nos guia afinal?
Nós próprios, pois então.

Ao menos...levem-nos os sentidos!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O nosso bem amado erro


Acordo cansado de sonhar...
Transpirado até, fruto da fertilidade das ilusões
Que geramos e onde estabilizamos sentimentos.


Será isto, assim, tão linear?
No papel assim se parece.

Nesta estrada de letras onde nos percorre a emoção
Desaguando sempre num qualquer recurso estilístico
Personificando o nosso medo de assumir afectos.
Transformando uma cativante história de amor,
Numa cadência decadente de sílabas.

É realmente difícil ser feliz.
Mas vale bem a pena esse esforço!

A Ciência que sempre nos nega,
Cuja fórmula química nos cega.
Omitindo o que os sentidos generosamente nos trazem,
De bandeja...
Nessa mesma, de um qualquer metal opaco
Construído com mãos de vida
Monótona perfeição adquirida
Pelo talento que o tempo ajudou a forjar.

Estas constantes areias movediças do nosso karma
Arrastam-nos para a dura e penosa realidade
E será uma questão de tempo.
Até vivermos presos.
Para sempre!
Junto dos nossos sempre fieis erros.