quarta-feira, 13 de julho de 2011

Traços de Noite



Passo demasiado tempo distraído.

Faz-me bem olhar um pouco para baixo.
Observar o paralelismo da calçada.
Notar que a sua simetria nem sempre é perfeita
Muito pelo contrário.
Dar importância aos pormenores que vivem na sombra,
Mas que acima de tudo nos suportam.

Preciso de noites sem luar
Para que a sua falta se faça sentir
Apesar de saber que ela estará por lá...
Algures, naquelas nuvens indefinidas
Que podem assumir qualquer forma
Menos a que realmente quero.

O vento do luar sempre incoerente
Traz-me o frio da incerteza.
Estranhamente, gosto daquele frio.
Uma sensação que me reconforta.
Afinal, sei que estarás por lá.
Sinto-te distante mas bem junto a mim.

Mesmo assim, não tens de aparecer.
Sei que no fim de contas
Todos temos a nossa calçada...
O nosso luar, o nosso caminho.

Resignado, saudosista, lírico...
Assumo que já partilhámos o mesmo luar.
Aquele bem eloquente.
Onde não mais precisei de olhar para baixo.
Onde tudo parecia bastante simétrico.
Estava contigo e isso bastava.


Hoje é lua nova.
Sinto a tua falta.
Espero outra noite
Espero por nós.

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